quarta-feira, 4 de março de 2009

Alice 2

Esse sorriso cativante,
Luz da minha vida
Cura minha alma ferida
Acalma meu coração errante.

Te tornastes minha salvação
Dessa solidão que me ataca,
Sinto atravessar-me uma faca,
Quando te vejo chorar, parte meu coração.

Menina de rosto nobre
De olhos cândidos, repletos de ternura
Encontro em ti a minha clasura,
Meu porto seguro, de segurança me cobre.

E de certo sempre saberei
Quando algo te afligir,
Tenhas a certeza de que vou reagir
Querida Alice, jamais te esquecerei.

Meus sentimentos perdi por aí
Em alguma garrafa
De algum bar
De alguma esquina imunda.
Fiquei então com essa inquietude,
Fruto desse olhar misterioso
Claro como a manhã de Janeiro,
Profundo como o inverno sombrio.
Mas no fundo, lá no fundo
Habita um ser sensível
Sedento de calor humano,
Sozinho,
Errante,
Despencando nesse abismo mundano.


Insânia


E quando resolvo romper o véu da sanidade,
Percebo que me liberto.
Sinto o vento quente da liberdade
Rasgar a carne de meu peito aberto.


Mas ainda sim me sinto em grilhões
Tão pesados quanto o fardo que suporto
Sinto em minha carne ferroadas. Insidiosos zangões!
E no álcool extasiante, extenuado me conforto.


Minha mente é um turbilhão
De pensamentos dexconexos, absurdos,
E sigo a falar, como sempre em vão
A essa massa de seres por nascença surdos.


Ou não houvem por não querer saber
O que me aflige, causa de minha insânia
Não há ânimo que conforte o meu ser
E nessas horas, lembro a frase de Bethânia:


"Como quem desatasse um nó
Soprei seu rosto sem pensar
E o rosto se desfez em pó"