terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Saudades do velho Bukowski

Mais uma vez os seres humanos provaram que são podres em sua maioria, e, dessa vez, fui testemunha ocular desse triste momento da minha vida.
Estava eu no centro da cidade retornando para casa por volta das 15h00min horas quando, da janela do ônibus, presenciei um fato lamentável. Um homem que passava de bicicleta foi friamente atacado por outro, também de bicicleta. O atacante derrubou a suposta vítima da bicicleta agredindo ele com chutes e pontapés, rasgando-lhe a camiseta e ferindo sua face. O agredido por sua vez, tentava se levantar do chão sem muito sucesso, pois a cada tentativa um novo soco vinha em sua direção. Fiquei atônito e de mãos atadas com a cena, pois quando vemos na televisão a violência das favelas, estádios de futebol ou mesmo fora do país, não temos a percepção da gravidade da situação.
Sinceramente eu não consigo compreender como pode dois seres humanos, semelhantes entre si, se agredirem daquela forma, sem uma gota de compaixão entre ambos, apenas a fúria e a sede aparentemente inesgotável de agredir um ao outro. Nesses momentos só me passa pela cabeça as muitas linhas que o autor Charles Bukowski, famigerado por muitos e aclamado por poucos, escrevera durante sua vida. Bukowski com suas narrativas simples e seus pensamentos negativos sobre o mundo que o cercava, afirmando que o ser humano é a pior das bestas, irracional e que muitas vezes deveria desaparecer do planeta, me convence cada vez mais de isso de veria acontecer.
Deixa-me profundamente triste saber que essas pessoas são consideradas seres pensantes, pois a forma como agem e os motivos muitas vezes banais que os levam a fazer torna-os hominídeos do período paleolítico, que agiam por puro instinto de sobrevivência. A briga, que durou apenas alguns segundos, logo foi interrompida pelos ditos homens da lei e da ordem, que algemaram o agressor e atenderam o agredido.
Confesso que naquela hora senti vergonha de ser um ser humano, preferiria ser um jabuti.
Coisas que escrevo em minhas crises depressivas ou em meus ataques de misantropia.
Lágrimas de sangue
Serão derramadas em meu nome
Pois muitos buscaram minha ruína
E desejaram que eu morresse de fome

Mas reconheci suas fraquezas,
E investi sem piedade
Minha lâmina expôs vísceras
Em nome de minha liberdade.

Agora o que me resta
É esta solidão sem fim
E a absoluta certeza
De que eles nunca chegarão a mim.

Mas por mais gloriosa que seja
Esta vitória reverberante
Minha espada pede mais
Em sua busca por sangue incessante.

E nessa agonia sufocante
Observo o surgir da alvorada,
E por um momento vem a tristeza
De estar longe da minha morada.
Sugestões de músicas

Mago de Öz - Fiesta pagana
Tenacious D - Beelzeboss (The Final Showdown)
Dropkick Murphys - Black Velvet Band
Dream Theater - I Walk Beside You
Slayer - Born To Be Wild