Sânie
O homem expelido pelo animal
Sente na carne o véu que rasga no instante
Mas tudo muda, tudo gira, não faz mal
Se o véu era seu, ou da mulher amante
E deste cálice na hibridez descomunal
Eu bebo o sangue que escorre adiante
Rasgando o elo desta corda umbilical
Que espedaça esse momento dissipante
E neste jogo violento e bestial
Eu quero o gozo que se mostra excitante
Devanear no suco gástrico renal
Sorver aos poucos o que se diz meu semelhante
Apago a luz desse ébano infernal
Tão negro como o reluzente diamante
Para não presenciarem o psicótico fatal
Que envolve minha mente delirante
E nos golpes que desfiro é que me torno racional
Marcando a face deste louco viajante
Que como eu com a chegada do final
Em desespero, vacilando, morre agonizante.