quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A partir de hoje citarei algumas músicas que tenho encontrado pela rede e que anda embalando os meus dias. Espero que baixem e gostem.

Adagio- Next Profundis

Blind Melon - Lemon Tree

The Charlie Daniels Band - The Devil Went Down To Georgia

Portishead - Glory Box

Priestess - Lay Down

sonic youth - sugar kane

na sequência posto mais algumas.
Roteiro da HQ Dilúvios e suas continuações, versão definitiva

Dilúvios:

Enfim, o que me resta, o legado maldito, as garrafas vazias e a solidão que me alucina. O vinho perdeu o sabor, as mulheres a volúpia e minha vida o sentido. A chuva lava a alma dos fétidos nos becos apodrecidos, quem dera ser um deles, para afogar nas lágrimas as desgraças da vida mundana, mas eis-me aqui, completamente bêbado e imerso em pensamentos que até a mais sombria das almas não ousaria saber. E em meio a devaneios alcoólicos me ponho a refletir o quão fracos e vulneráveis são os homens que ao menor sinal das atribulações da vida desabam de joelhos fracos e resignados. O quão fraco e vulnerável sou eu. Somente este frio instrumento de morte pode ceifar meus sofrimentos, e sozinhos, flertamos longamente. O fim é iminente quando se está no fundo do poço. Só peço para que não tenham piedade de mim.

Perdido no Limbo da vida:

O que é a vida senão um grande poço de tristeza e solidão, em que afundamos lentamente na busca incessante de nossos sórdidos anseios. E como é irônico o sentido da existência, pois nem a morte nos livra dos pesadelos inquietantes como se tudo não passasse de um castigo divino, nessa corrente alucinante que é a vida. Minha garganta queima e meu corpo vacila, recusando erguer-se. Sinto como se estivesse em um sonho maluco, daqueles que se têm após um dia exótico. Que lugar estranho é esse, onde olhos soturnos me observam calmamente ocultos na escuridão? Só me resta caminhar, em busca de uma saída deste lugar que me atormenta. Enquanto avanço vozes macabras ecoam na minha mente, são palavras cheias de ódio, que me fazem tremer. De súbito surge a figura nefasta de um gato, animal agourento e misterioso. Maldito seja. Noto que o felino ousa me dizer algo, e minha surpresa é notória, pois felinos falantes é algo demasiado exótico. Para meu encanto e espanto o gato resolve falar.

Fala do gato: Bem vindo! Procurastes ceifar os sofrimentos da carne para saciares tua sede nas cálidas vertentes do paraíso, pois em verdade digo que te enganastes!

Fala do gato: Tuas agonias apenas iniciaram, contemplarás a verdade aterradora que te espera. Vai-te! Prova do teu próprio veneno!

Forças além de minha compreensão invadem o meu ser, me impelindo a estranha porta a minha frente, logo, saberei toda a verdade.


No Inferno

A escuridão ambiente amputa minha coragem, ceifa a minha fúria e minha ainda ardente raiva pelo gato, maldito seja. Aos poucos minha visão se restabelece, mas o que vejo é algo que não me agrada. Meu lar em ruínas, minh’alma estilhaçada e a constante visão de minha morte. Por que, pergunto eu? Não seria tão fácil apenas morrer, esvair-se em pó e tornar-se mais uma triste lembrança das muitas que por aí existem? Mesmo não querendo acreditar, eu sei por que estou aqui. Este é o preço que se paga pelos erros infantis. E o que sobrou é apenas esta doce loucura, essa intensa agonia. E como hipnotizado por intensa agonia, navego eu nesta nau amaldiçoada, até o fim dos tempos, até o fim dos dias.