Meus sonhos são embalados por uma estranha canção
Não sei ao certo sua origem,
Mas é algo instigante
Que perfura minh'alma e me faz sofrer.
Noites inteiras ao som desta canção me fazem crer
Que alguém se aproxima,
Alguém que almeja o que possuo
Mas como irá me tomar se não sou possuidor de coisa alguma
Além de minha vida, causa aterradora dos meus sofrimentos.
Quanto tempo mais agüentarei ao som desta melodia hipnótica
Que me transporta a lugares sombrios
Onde criaturas me atormentam e me fazem gritar,
Gritos de intensa agonia
Pois sei que alguém virá me buscar
E carregar-me-á a locais desconhecidos
Para então me usurpar.
Mas a sombria canção ainda não revelou
Que criatura ostenta tal poder
De tomar-me a vida de forma tão sutil
E livrar-me então do sofrimento mundano.
E as noites continuam mórbidas
Como a bruma negra que cobre os céus
Envolvendo de medo todos os corações
Por mais negros que possam ser
E logo concluo que esta não será uma reles noite.
A silenciosa melodia tem início novamente
Mas desta vez de outra forma
Não a mesma de outrora, as com um ar nefasto
Anunciando meu algoz
Que se aproxima lentamente
Para levar-me a seus domínios
E me fazer enlouquecer.
Enfim conhecerei aquele que me sobrepujará.
A canção torna-se intensa e logo domina a minha mente,
Então por um momento percebo
Que é uma canção de morte
A terrível força que muitos conheceram e que agora de mim se aproxima
Lenta e perigosamente a minha procura,
Para então exterminar minha existência.
E nesses últimos momentos que me restam
Percebo o quão fraco são os homens
Que se julgam senhores de si
Mas nem ao menos possuem poder ou coragem para enfrentar a morte
Ela que é a maior ironia da vida
Pois é a única certeza que possuímos da mesma.
Nada mais importa agora
Apenas aguardo essa macabra senhora
Que me livrará das auguras que me afligem
Para então descansar em paz.
A canção de morte cessa,
Creio que minha hora chegou
Porém rogo apenas um instante
Para que todos saibam
Que um dia retornarei.