segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Para quem acha que o que escrevo não presta, é ridículo ou vazio de sentido, vai aqui um poema de um dos monstros da literatura nacional, que têm algo haver com o que eu escrevo.




Poética- Manuel Bandeira

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expedienteprotocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionárioo cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

3 Comentários:

Blogger Mr. Rickes disse...

Cara nem li o poema do Manuel Bandeira. Quero fazer o meu protesto sobre alguém dizer que tu não escreve bem. Ridiculo isso!

0/

2 de fevereiro de 2009 às 17:22  
Anonymous Anônimo disse...

Deus salve Merlin...meu parnasiano favorito...não liga....desliga....só não para pelo amor de Deus...tua cadeira na pizzaria não pode ficar vazia...abração.

3 de fevereiro de 2009 às 16:39  
Blogger Suellen Rubira disse...

Puxa, ainda hoje conversei com um amigo sobre isso. Ele me contou que um senhor foi a um estande na Feira do Livro procurando um livro para que ele "aprendesse" a fazer poesia. hehehe Obviamente na hora eu respondi ao meu amigo: que tolo! Poesia a gente ou tem ou não tem o dom.


E tu tens o dom, Everton. Nunca deixes ninguém te dizer que não o tens. Possivelmente esses irão procurar vocábulos no dicionário ou buscarão infinitamente rimas e métricas e essas coisas todas.

Não precisamos disso. O que falamos, vem do coração.

3 de fevereiro de 2009 às 16:50  

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